terça-feira, 2 de abril de 2013

A lenda de São Longuinho

Gravura de Severino Ramos

Longuinho foi um soldado que viveu na época em que o rei Herodes procurava o Menino Jesus para matar. Ele era o chefe dos soldados do rei. Quando São José conduzia o jumentinho com a Virgem e o Menino, em direção ao Egito, os soldados tinham ordem para não deixar passar ninguém, mas Longuinho não obstou a passagem da Sagrada Família. Os soldados voltaram e disseram ao rei que as suas ordens foram descumpridas, e o malvado ficou tão furioso, que mandou furar os dois olhos de Longuinho.

Passado muito tempo, o cego Longuinho se misturava a uma multidão aglomerada em frente a uma igreja onde um padre celebrava uma missa. Pelo povo o cego soube que havia um curador fazendo milagres.

Alguém lhe sugeriu que pedisse uma esmola  ao homem, que não era outro senão Nosso Senhor Jesus Cristo.

— Eu não! Foi por causa dele que perdi a minha vista! — e pediu a um soldado que o conduzisse para perto do tal curador para cravar uma lança no peito dele. Seguindo a indicação, ele cravou a lança no peito de Cristo. Quando bateu a lança, esguichou sangue nos olhos vazados de Longuinho e ele voltou a enxergar. Jesus perguntou o que ele queria, ao que ele respondeu:

— Quero força suficiente para derrubar uma casa ou uma árvore.

Jesus pediu ao povo que saísse da igreja e Longuinho, com dois balançados, a pôs no chão. Depois, Jesus pediu a Longuinho que sacudisse os escombros.

Ele sacudiu e a igreja tornou a se levantar. Longuinho, a partir desse dia, tornou-se São Longuinho, e o povo, maravilhado, testemunhou o poder de Cristo, o Governador do mundo.

Nota: Um dos mais importantes documentos acerca do lendário cristão é o livro Legenda áurea, do frade dominicano Jacopo de Varazze (Jacobus de Voragine), escrito no século XIII, que reúne as narrativas lendárias da vida de muitos santos (Vitae). Um deles é São Longuinho, ou Longino, que a tradição aponta como o centurião presente à crucificação de Cristo (Mateus, 27:54; Marcos, 15:39; Lucas, 23:47). Conforme a crença popular, ele era cego por conta de um castigo imposto pelo malvado rei Herodes. Esta parece ser a origem do conto São Longuinho, que, em nossa versão, recebe atributos do seu antecessor mítico, Sansão.

3 comentários:

  1. Não é possível identificar o criador da "fábula", pois, como todo produto folclórico, ele é anônimo, ou seja, de autor não identificado. A versão reproduzida no blog, extraída do livro Contos e Fábulas do Brasil, foi narrada por Dona Jesuína Pereira Magalhães (1915-2013), de Igaporã, Bahia.

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  2. Quero saber qual a outra versao do conto: O macaco e a raposa?

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