José Alexandrino de Oliveira (seu Zé) nasceu na comunidade de
Riachão, em Carinhanha, município baiano lindeiro a Minas Gerais. Trabalha de
alugado, mas planta também no terreno em que construiu sua casa no bairro da Bela
Vista, em Serra do Ramalho. Gosta de contar histórias e anedotas, não importa a
ocasião. Está sempre sorrindo e de bem com a vida. De todos os narradores tradicionais
que conheci, é o de repertório mais amplo e eclético. De contos de animais a
histórias de exemplo, de enredos novelescos a narrativas de cunho maravilhoso,
passa horas esquecidas exercitando sua memória privilegiada.
No livro Vozes da Tradição (IMEPH), reproduzo sete contos
narrados por ele. Imaginava serem os únicos de que se lembrava, mas, em nossa
última passagem pela Bahia, descobrimos que seu Zé é uma fonte aparentemente
inesgotável. Encontrei-o por acaso, quando realizava um serviço para a minha
mãe. Ajudei-o a levar uns vasos de planta para o fundo da casa e, enquanto
trabalhava, ele emendava uma história atrás da outra. Em duas outras
oportunidades, Lucélia e eu fomos visitá-lo em sua casa, à noite, a melhor hora
para se contar histórias. E foram mais de 30 além daquelas que ele lamentou
lembrar apenas umas partes (Maria Borralheira e a história da Filha do Diabo).
Das muitas que nos narrou, destaco as versões de “O homem
forte e seus companheiros” (ATU 301B), A Morte madrinha (ATU 332), Plácidas ou "O homem que sofreu quando era novo" (ATU 938), dos contos jocosos do tolo que
serra o galho onde se encontra sentado (ATU 1240), do “Urubu adivinhão (ATU 1535, parte III) e a história
do afortunado homem da vaquinha (ATU 1415), cordelizada por Francisco Sales
Areda, e muitas, muitas outras.
Enfim, seu Zé é um mestre que merece ser escutado.
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